20070508

Caminhava eu por entre cinzentas nuvens...

Caminhava eu por entre cinzentas nuvens
Pesadas, tempestuosas, lúgubres
e telúricas ilusões
Meus pés, calejados de melancolia,
um fosco corpo arrastavam
regendo um lento desfile
quase inerte, quase morto
Até que ele me surgiu
Ele, ele... É ele!
Um anjinho de ígneo sangue
desnudou meu céu
despiu meu ser
assoprou as cinzas desta alma
ensinou-me a voar
E juntos adentramos as moradas do amor
Vimo-nos, ambos, como reflexos
em cada um dos antros e átrios
repletos de espelhos
Divisamos o invisível duplo perfeito
O outro lado das superfícies narcíseas
De mãos dadas alçamos vôos
Descobrimos a verdade que o coração nos diz
Hoje vejo um arco-íris
selando nossa união
A aliança e as meta-cores duma descoberta
O matrimônio da natureza e do universo
As estrelas cintilam poesias pra nós dois.

Ninguém na trincheira.