20081029

"O Cravo brigou com a Rosa"...

"Eu escolho
um homem
que não duvide
de minha coragem
que não
me acredite
inocente
que tenha
a coragem
de me tratar como
uma mulher."
(Anaïs Nin)

(Onde estaria agora o meu Lírico Lírio, o meu Doce Camponês? ONDE?!)

Tarja Negra

Ah, que medíocre paliativo!

Françoise Hardy

Créditos dos quadrinhos: Ivan Brunetti.

20081021

Além do Bem e do Mal

"Aquilo que se faz por amor parece ir sempre além dos limites do bem e do mal." (F. W. Nietzsche)

20081020

(Re)pressão

Inda não disponho de poder suficiente para combater a minha própria docilidade.

20081019

Nikos Kazantzakis

ZORBA
Lembro-me de uma manhã em que eu havia descoberto um casulo na casca de uma árvore, no momento em que a borboleta rompia o invólucro e se preparava para sair. Esperei bastante tempo, mas estava demorando muito e eu estava com pressa. Irritado, curvei-me e comecei a esquentá-lo com o meu hálito.
Eu o esquentava, impaciente, e o milagre começou a acontecer diante de mim, a um ritmo mais rápido do que o natural. O invólucro se abriu, a borboleta saiu se arrastando, e nunca hei de esquecer o horror que senti então: suas asas ainda não estavam abertas, e com todo o seu corpinho que tremia, ela se esforçava por desdobrá-las.
Curvado por cima dela, eu a ajudava com meu hálito. Em vão. Era necessária uma paciente maturação, e o desenrolar das asas deveria ser feito lentamente, ao sol. Agora era tarde demais.
Meu sopro obrigara a borboleta a se mostrar toda amarrotada, antes do tempo. Ela se agitou desesperada e, alguns segundos depois, morreu na palma da minha mão.
Aquele pequeno cadáver é, eu acho, o peso maior que tenho na consciência. Pois hoje entendo bem isto: é um pecado mortal forçar as grandes leis.
Não podemos nos apressar, ficarmos impacientes.
Sigamos com confiança o ritmo eterno.

Madrigal

MADRIGAL
Ouve, meu Amor,

a brisa que entoa melodias
ao sabor de teus belos cabelos.
Ouve, meu Amor,
o balouçar refeito em febris apelos
dos viçosos ipês-amarelos
clamando-nos pelo tempo de viver.
Ouve, meu Amor,
o teu profundo ardor,
a tua fremente urgência,
o teu eterno desejo de alvorecer.
Ouve, meu Amor,
os senis anelos do Mundo,
a Universal Mente e seus vis zelos.
Ouve, meu Amor,
o que, por fim, tenho a dizer:
sedenta, busco pela tu'alma
e anseio, perdidamente,
o ensejo de anis dias.
Tu, meu Amor, e eu, a estremecer
na mais veemente cadência.