20110726

Sustentáculo-Espinho-Garra

O cenário era solitário, ainda que a noite enchesse de vigor toda a estranheza ao meu redor.
Extensa e mui íngreme rampa. Eu encontrava-me no topo, instável.
Detalhe assombroso, é que eu dormitava sobre uma espécie de colchão feito de pequeninos, pontiagudos e brilhosos sustentáculos.
Devido à extremada inclinação, não conseguia deter-me por muito tempo em meu leito.

Cada desequilíbrio rendia-me vertiginosas quedas. E era assim que eu tentava, às duras custas, me agarrar àqueles finos e firmes espinhos.
Como se não lhes bastassem as feridas que me abriam, as "garras" lutavam contra a minha carne e incorporavam-na.
Entre os inúmeros declínios, experimentei o ciclo da lancinante dor da distância. Minha silenciosa metamorfose.

(Registro do último sonho.)

Ninguém na trincheira.