20140130

Tio Lund

Sorriso matreiro, cheiro de pequi, muito carisma e vigor. São essas as lembranças mais fortes do Tio Lund.

Quando pequenina, por vezes viajávamos de Contagem a Paraopeba/MG, rumo à fazenda do Tio Lund, e lá desfrutávamos de uma paz sem igual. Ali era tão simples, que o fascínio do Cerrado tornava-se mágico. Isso era desvelado pouco a pouco, cada vez que visitávamos o lugarejo.

Tia Ninice, esposa do Tio Lund e irmã do meu pai, Maurício, sempre preparava verdadeiros banquetes. Notável cozinheira, até hoje! Ah, quanta saudade!

Houve um tempo em que morei com eles, meus tios, em Belo Horizonte, minha cidade natal. Estava cursando o quinto período do curso de Belas-Artes/UFMG. Anteriormente, dividia um apartamento com duas garotas no centro da cidade. 

Quando adentrei a casa, fiquei com receio, pois imaginava que fossem muito severos e conservadores. Mas receberam-me de braços abertos! Quanta alegria! Meu Tio com cheiro de pequi e minha Tia doce, sempre doce! Fiquei boquiaberta.

A partir deste momento, criei laços mais fortes com eles. Ah, e meus primos... Eu os vi, homens feitos; e isso me intimidou um pouco – claro, nunca tivemos, outrora, contatos frequentes! Porém, isso mudou. E foi ótimo!

O Tio Lund sempre parecia descontraído. Gostava de contar piadas e de um papo amigo (apesar da severidade de seus olhos) – daí, a sua sinceridade. Isso me ajudou a sociabilizar com aquela família do bairro Grajaú, "Belzonte".

E hoje, vejo o Tio Lund a descansar para sempre. Não contenho as lágrimas. Não!

Disse a mim mesma... Meu pai perdeu seu melhor amigo.

E ele, Tio Lund, também era, confidencialmente, meu grande amigo.

Que Deus o tenha, grande Tio Lund!

27/01/2014

Ninguém na trincheira.