20070531

EsCOTTON-lógico!

Escatologia nefelibática pra (sobre)viver.
E então, vamos hastear nuvens de algodão?
Uma haste, uma arte.
Algodão-doce.

Anarquiteta de Desengenharias

Arquite(n)tando, des(d)enho.

20070530

Contra o Panóptico Virtual? Ha-ha-ha!

(S)crap Confidencial

[ ΣΥΨΥΥφΥφθΨΥΨ ]

"Para decodificar esse scrap acesse essa página de recados através do navegador PowerScrap.com"

(OH! Fofocas e segredinhos inutilmente encriptados! Niilismo dos símbolos...)

20070529

Vã "Pira"

Não me sinto nada satisfeita com essa retórica inflamada... Oh, sangrenta e purulenta! Impura!
Prefiro a acidez, que a tudo corrói.
E tenho dito.

Ao Meu Anjo

AO MEU ANJO
Repousas sobre nuvens
Nos meus sonhos, anjo,
à luz da mente
Despertas em meu pálido seio
Algo entre o desejo e o devaneio
Fantasias.

Abandona, meu anjo,
a aridez do deserto
que há muito te acompanha
A diáfana e pura nudez
de meu corpo
é o oásis que te convida
Não é o que querias?

Exausto estás, anjo
De sol a sol
calor transformou-se
em dor
Vem, meu anjo rebelde,
de encontro
à doce loucura do Amor,
carinho brando e delicado
que cura
e é só meu e teu.

Sim, meu anjo, é verdade...
Eu te amo!
Vem depressa para o meu seio, anjinho...
Deixa e esquece o deserto!
Quero-te para sempre.

20070528

Silêncio Tipográfico (ou Si sustenido)

...

20070527

Fundo Falso

Cansei de me fartar de farsas.

Tratado de Não-Agressão

Polacos versus alemães.

O cigarro fuma sozinho...

O cigarro fuma sozinho
Álcool e mágoa na veia
Desfaço-me de meu sangue
e espalho o telúrico vermelho num papel
Ingrato vício!
Expiro tristeza
enquanto jorra minha doença
Poética dança ao léu
Aqui estou, pensante
Desejando um ninho
Leite, amor
Não importa o resquício
alheio
amargo
Bebo então meu fiel
fluido
borbulhante
Vejo a beleza
do corte
na simples morte.

20070525

Aforismo 728 (ou sobre hiatos criativos)

Os hiatos em geral contêm lacunas doloridas; vide "criar" e suas derivações rasgadas.

20070508

B-612

Universos só se apartam diante de olhos cartesianos.

Pulsam pupilas-espelho...

Pulsam pupilas-espelho
Ilhas desfeitas em vertigem
Reflexos emparelhados
numa simétrica dança de cortinas
Linhas, movimentos selados
Sangue nas retinas
Frágil lança: única imagem
ainda imperfeita.

O sangue...

O sangue
e sua eterna
efeméride:
- Um café... Sem açúcar, por favor!
O dulçor
me faz enferma.

Amém!

O orgulho é uma face embrutecida da arrogância.

O Apojo e o Esporro

O APOJO E O ESPORRO
Alvos fluidos
Atire ou espirre
Celebremos a vida
e bebamos
leite quente!
Corpos sujos
Assim nos amamos
e erramos
o alvo.

Oh, só o brio...

Oh, só o brio
soçobra.
Ei-la: a soberba
da sobra!
Quiçá sobre
o nobre
sóbrio.
Pobre cobra...
(Já beijaste uma hoje?)

Tangente

TANGENTE
Sensível
Quase
invisível
O senso
do possível:
quase
inatingível.

Apertamentos

APERTAMENTOS
Eixos apartados
Uma órbita, um curso a esmo
Plan(e)ta em mim mesma
Apartamentos
O limite: a terra em partes
(apertadas).

Dose-Independente

DOSE-INDEPENDENTE
Cápsula do amor
Carcaça-excipiente
Quatro pés,
um motor.
Dois em um
A dose suficiente
para essa dor.
Cadê o freio?
Pára, pára!
Ah, pudor!
O que pra mim
é pungente,
pra ele
é urgente,
premente.

Tácitas silhuetas e vívidas fantasias veladas...

Tácitas silhuetas e vívidas fantasias veladas
Haveria alguma maneira, querido amigo, de destroná-las?
Imagens fossilizadas desfilam, tão sóbrias,
a desafiar aquele misterioso reinado das escórias
Guturais vapores de meus castos afetos
outrora (e)ternos, agora se esvaem em hostis memórias.

Absinto

ABSINTO
Embriaguez de absentimento
Absinto-te
Embriago-te
Tua mente, minha avidez
Num só momento
insensatez absentida.
Absurdo?
Absente então este gosto
este rosto
este corpo
Absente-me lentamente
E aí, finalmente,
te enlouquecerás
em toda a tua lucidez.

Múltiplos Orga(ni)smos Culturais

MÚLTIPLOS ORGA(NI)SMOS CULTURAIS
Inevitável acidente
Esquizofrenia coletiva induzida
Rútilos "conceitos-surpresa" sobre perdição
Lapidações mentais e seus moldes
Eis a proliferação pasteurizada de helmintos
na masturbadora produção entérico-cerebral
É a cultura da coprofagia, caros amigos!
Quiçá sobejos de-mentes
a consumir doentios desejos
Liberdade condicional
Êxtase do voyeur diante de sua ode
às abortadas sementes.

Isca de gás...

Isca de gás
Câmara
indiscreta
Morra em paz!

Recheados de suor...

Recheados de suor
Corpos sangrentos
O rubro fluido
me fascina
em ti.

Hi-a-to

"Hiato criativo" é o cúmulo da dor.

Polvórea alma de poeta...

Polvórea alma de poeta
Toque no infinito
Cinzas de arco-íris
Etérea pedra, um mito
Poeta-poeira
Sopro de ser ardente
Pó de chama poente
Secreta...
Secreta é a mudez
Na solar seta
Fértil frente-verso
Sem sentido
O ermo é seu vetor
Perdido na turbidez.

Ao Meu Príncipe

AO MEU PRÍNCIPE
Ele, brilho,
despetalou a estrela-d'alva
em difusos dourados raios

Ele, Sol,
banhou o firmamento terrestre
Tantas e tão graciosas rosas
Mas
sua luz beijou uma única flor

Ele, fogo,
se fez Príncipe
e cativou a Rosa
e as cores se furtaram
ora vívidas, ora pálidas
Aquarela-aurora do despertar
Pra sempre, o Amor.

Cabelos em caracol...

Cabelos em caracol
A distância do vácuo
e uma lembrança.
Esverdeados...
Soa a clave de sol
Olhares selados:
vejo uma criança.

Caminhava eu por entre cinzentas nuvens...

Caminhava eu por entre cinzentas nuvens
Pesadas, tempestuosas, lúgubres
e telúricas ilusões
Meus pés, calejados de melancolia,
um fosco corpo arrastavam
regendo um lento desfile
quase inerte, quase morto
Até que ele me surgiu
Ele, ele... É ele!
Um anjinho de ígneo sangue
desnudou meu céu
despiu meu ser
assoprou as cinzas desta alma
ensinou-me a voar
E juntos adentramos as moradas do amor
Vimo-nos, ambos, como reflexos
em cada um dos antros e átrios
repletos de espelhos
Divisamos o invisível duplo perfeito
O outro lado das superfícies narcíseas
De mãos dadas alçamos vôos
Descobrimos a verdade que o coração nos diz
Hoje vejo um arco-íris
selando nossa união
A aliança e as meta-cores duma descoberta
O matrimônio da natureza e do universo
As estrelas cintilam poesias pra nós dois.

Como são belos os nossos talhes!...

Como são belos os nossos talhes!
Mulher e homem,
peças que se unem-esculpem
sob a luz demiúrgica do Amor
Duas matrizes, único corpo.
Quão árdua é essa alquimia!
Força e graça
Silencioso primor
Recorta-se a matéria-prima
Modelam-se as sombras
E então erigem-se
as mais poéticas expressões.
Quantos mistérios desafiam
a arquitetural quarta dimensão!
Homem e mulher,
Belas mesmo são as nossas formas
de amar.

Duas navalhadas no céu...

Duas navalhadas no céu
abarcam o zênite do Amor
Nós, os albatrozes:
tiranas asas, mútuo fogo.

Uni(in)versos...

Uni(in)versos
CAOS
Príncipe. Rosa. Cabelos. Pétalas. Mãos. Espinhos. Sangue. Seiva. Castelo. Redoma.
AR
Príncipe. Rosa. Cabelos. Pétalas. Mãos. Espinhos. Sangue. Seiva.
ÁGUA
Príncipe. Rosa. Cabelos. Pétalas. Mãos. Espinhos.
TERRA
Príncipe. Rosa. Cabelos. Pétalas.
FOGO
Príncipe. Rosa.
AMOR
Príncipe-Rosa.
(E vice-versa)

Outonal efeméride da quebra dos cinzéis...

Outonal efeméride da quebra dos cinzéis
aqueles cinzéis que nos goivaram as veias
aqueles mesmos cinzéis, tingidos de nuvens e chagas,
impregnados da contemplação de falsas peleias.
Duas sombras outrora cinzeladas pela dor,
altiva bailarina-mestra da morte grená.

Outonal efeméride da lapidação dos anéis
estes anéis que nos selaram os corações
estes mesmos anéis, invisíveis às distraídas miradas,
talhados com o esmero das mais raras paixões.
Duas almas agora cinzeladas pelo Amor,
sempiterno bálsamo da aurora verde-cré.

Agita o véu daquele cometa...

Agita o véu daquele cometa,
grande e misteriosa nau!
Dedos entrelaçados
linhas tão vacilantes
Oceano do devir
longínquas e largas enseadas
A flecha agora é assestada.

Aporta o brilho itinerante,
grande e misteriosa nau!
Da proa, o porvir
decantou o incerto constelado
Eis o Amor, eis o Norte!
Latitudes incrustadas
a terra então tornou-se sal.

Retoma o fôlego da fé,
grande e misteriosa nau!
Ilhas agora a imergir
meridianos agora a diluir
Rastros de ondas singrantes
o mundo então tornou-se fulgor
Eis o Amor, eis o Norte!

Podes sentir?...

Podes sentir?
O palato desse mel
é quente e macio
Fios de ouro em fogo
Pórticos, ecos, passos
Podes deter?
Sonhos em lágrimas
Frio dossel
Janelas e anelos
feito conta-gotas
e dourados laços
Teias, tramas, brilhos
Doce magma
Podes queimar?
A memória do tangível
Tácito espaço
Róseo, vermelho e amarelo
Verde é o rio
de formas rotas
Meandros, muros, armas
Podes perceber?
O Amor é in(di)visível
Anel, átomo, vão
Tecido do tempo
estendido pelo coração
num ex-vazio
Palácio de cílios.

Sangrando um cigarro...

Sangrando um cigarro
Sugo a cegueira
Forma sibilina
de só saber-se a si
Sigo assim com silvos
(En)cerrando, sábia,
o suor do silêncio.

Biofísica Matemática

BIOFÍSICA MATEMÁTICA
Nervos de êmbolo
Coágulo-penso
e alguns emblemas.
A cura num êmulo
encerra correntes
e teias em pontos de fuga.
Calculada a perspectiva
Estudado o empuxo
Dissecado o glóbulo
Estimulem-se em agouros,
de-mentes!
Já me basta a ciência
travestida de matemas.
Falsas veias
(res)secam floemas.
Restos, apenas.
Goros!

Estranho esboço do acaso...

Estranho esboço do acaso
Ecos de caóticas linhas
numa pauta alva e plana
ao sabor do róseo ocaso
Vítreo horizonte
Olhares de grafite
Enquanto expira a espiã
por detrás de duas sombras
Sozinhas
Aguardando a insana
sede sinestésica
Poentes miríades
Infindo senso aéreo
defronte
do preto-branco riscado.
Arriscado?
Talvez etéreo.

Soa a primeira nota...

Soa a primeira nota
duma idílica sinfonia
Desejos, enleio
Dois timbres
Cabal harmonia
Ah, deita em meu seio
e toca
Toca-me intensamente!
Na pauta, uma insana rota
Infindo ensejo
Corpos sincopados
Ritornelos
Solfejos
Cada toque inédito
anuncia a poesia:
momentos musicados
e versos de sintonia.

Mesca(ro)lina

MESCA(RO)LINA
Um ímã cego
O incerto te fascina?
Mesclas, linhas
Ego, ego... Ecos!
Tênue é o limite
Coberto? Um hímen
De ferro
Livra do desafio
Sina rompida, perdida
Vida de desfios
Desfila teu erro!
Tens medo do desvio?

Solilóquio de Artista(?)

Ah, a sedutora troca transdisciplinar...
Percebem como a arte e o conhecimento desprovidos de TROCAS são perfeitamente inúteis? (Vejam como isso se refere diretamente à dificuldade de lidar com outros universos de pensamento!)

Como será que nos articulamos, por meio de nossos mecanismos existenciais, com os mecanismos incorporais? O que me dizem então da busca pela plenitude do fazer artístico?
Estamos inseridos numa academia de artes. Ou seria esta apenas um magnético e terapêutico antro que reúne seres cobertos de soberba? Uma observação: à "terapia" proporcionada por esse ímã, caros colegas, atribuo a milagrosa propriedade de massagear egos.
Aqueles que se pretendem artistas já ingressam na academia munidos de pelo menos um cânone: "TENHO TALENTO". Pois bem, eis um paradigma que adotamos desde cedo. Louvável e precioso, diga-se de passagem. No entanto, o problema que aí reside é justamente a forma como lidamos com esses "atributos pessoais". Pra que entrar pruma universidade? Não seria pra "aprimorar" (um termo tão recorrente!) técnicas e evoluir? Não seria pra intercambiar informações através desse aprimoramento? Conhecimento, arte e técnica caminham juntos - e de mãos dadas.
Técnica? A academia nos oferece; basta-nos um mínimo de esforço "autodidata" pra complementar esse saber acadêmico. Pois o conhecimento é amplo, e alguns anos de curso (só de "curso", ressalte-se) não vão nos suprir todas essas necessidades intelectuais. A troca de conhecimentos, desta forma, é primordial nesse crescimento - eis aí a Evolução propriamente dita. Quero expor, por meio desta última menção, que muitos estudantes-artistas estão ainda centrados em seus "modos-de-fazer-particulares-e-engessados". É isso mesmo, puramente convencidos de seus "talentos"... Orgulhinho, orgulhinho!
Ah, a re-canonização do paradigma primevo: esses seres não se despojam de seus egotistas paraDOGMAS, visto que cada vez menos se preocupam com a real valia da academia! E então, como saem da universidade? Do mesmo jeito que entraram, ou até mesmo piores. Criaturas de egos inflados, nada mais. No máximo, um punhado de maníacos ostentando títulos, honras, méritos e "obras"... Chegam então ao CU-me da baixeza ostentatória de poder: "Arte é status!".
Convido-os a refletir e a discutir acerca dessas questões brevemente colocadas.
Do contrário, continuem mergulhados e perdidos em seus altivos universos onfálicos. E que, de preferência, enterrem-se com seus talentos.

FACULT

Discursos intelectualóides. Egos hiperinflados. Vasto pasto e ruminantes xifópagos! Milhares de cérebros, um único digestor. Quem come mais? Quem caga mais? Ora, o flato provém do mesmo esfíncter!
Intempéries retais geram alarde. Grande indigestão! E assim os animaizinhos disputam a melhor prole e o primor da bosta. Ora, reles seres deuterostômicos! O produto de vossos movimentos peristálticos provém do mesmo CU! Merda da mesma privada - confortável trono da "res publica".
De f(l)ato.