20101231

Bonjour, mon amour!


Françoise Hardy: ela é mesmo uma graça!

"Por muito tempo fui apaixonado por ela. Todos os homens e muitas mulheres também foram, e ainda são." (David Bowie)

20101228

Eu-vezes-eu-espelhadas-em-mim


CAROLINA
Atônita, alcanço-me as têmporas.
Lento divagar de uma irônica heroína.
A tônica da alma e seu nome:
talvez efêmeros, talvez empoeirados.
Tua têmpera, fêmea platônica,
é cicatriz agora espelhada
sob a sombra de teu próprio talento.
Dolosa surdina que avança.
Bomba atômica.

20101220

Ensimesmamento

Autoria de minha própria autonomia. Ao mesmo tempo, tudo. No momento.

20101218

Golden Hair


GOLDEN HAIR
Lean out your window, golden hair

I heard you singing in the midnight air
My book is closed, I read no more
Watching the fire dance on the floor

I've left my book, I've left my room
For I heard you singing through the gloom
Singing and singing a merry air
Lean out of the window, golden hair.

(Syd Barrett)

[Versos originais de James Joyce, publicados em "Chamber Music" (1904).]


Imagem: Françoise Hardy e Sylvie Vartan.

20101217

Cuspindo

Nuvens.

(Não pude deixar de afastar aquele calhamaço "grifado".)

Persona

Corpo transitivo, mutante, não-titulado. Registrado nas amarras e no peso de sua própria identidade. Perdido por entre as massas que vivem do simulacro das emoções vendidas. Indigente.

20101214

Subjeção X Abjeção

Virado de dentro para fora, este corpo insiste em sinalizar um novo cânone para si, onde seus limites possam ser cada vez mais permeáveis e abertos ao mundo. Verdadeiro e não-idealizado, e por isso, para alguns, estranho e repulsivo.

20101209

Dos Rizomas às Bolhas


As piores prisões são os delírios (in)consequentes daquilo que chamamos "pós-modernidade". Hm!


Imagem: Catherine Deneuve e Françoise Dorléac. Irmãs.

20101206

Mais-valia Humana

O Mesmo versus o Outro. Alteridades.
Articulações atemporais e a proximidade das coisas.
Continuum. Aemulatio. Caricaturas?
A enfermidade transposta em meras identidades.
O Homem é uma invenção recente. Efêmera.

Calor de Flor para Flor


Cúmplices em sua simplicidade. VapoRosas.

20101203

Afloração

Partilhemos da humana sensibilidade, mesmo que de plástico sejam as flores.
Tomara que o beijo do colibri não amanheça afogado!

20101202

BATA! - Babaquice Armazenada Tua, Aqui!

A democracia do "Print Screen"! JÁ!

Ah, e não se esqueçam de autografar o caderno de visitas (abaixo-assinado) na saída!

20101201

Absorbância

Mensagens absorvidas, palavras fotossintetizadas. No vácuo.
A síntese? Simples: evacuar!

20101130

TWI(GGY)


"Conceituar" não é o mesmo que "definir". D'jeit'manêra, uai!
A definição é, de fato, uma operação intelectual rigorosa, imprescindível ao processo de teorização. Tem por objetivo a organização do conhecimento. Definir é estabelecer exatamente os limites de um conceito e do seu conteúdo, fixando, desta forma, o ponto de partida de toda uma discussão ou de um raciocínio.
Certos conceitos ou definições penetram facilmente o campo da "ideologia". Isto se verifica quando a assertiva oferecida tem como propósito legitimar uma determinada teoria, particular ao autor.
Através do enunciado dum raciocínio a prática da veiculação das informações procura fazer com que o discurso coincida com as coisas, e não o oposto.
(Ôtremdoidipavonesco!)


Imagem: Twiggy. A própria "Pop Model".

20101124

Clave D'Sol

Do trágico pós-guerra das idéias emerge a Arte. Papéis, lápis, borracha, intelecto, lágrimas e suor protagonizam a incessante luta em prol da lógica harmônica. De repente, a sinfonia. "Música congelada", já diria Goethe. Pousa na telúrica superfície uma pauta metalina vestindo escultura. Dissonância regida para estruturar – e combinar – notas numa só escala. Moldáveis acordes quebram a apolínea rigidez daquele esqueleto. Contraponto silencioso. Ecoa o desafio da polifonia num único timbre. Poliforme cascata que se refaz em vibrações sonoras. Nasce então o espírito da musicalidade dionisíaca ao sabor das intempéries naturais e gestuais. O visível perpetua-se no audível.

Panapaná


"É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas! Do contrário, quem virá visitar-me? Tu estarás longe... Quanto aos bichos grandes, não tenho medo deles. Eu tenho as minhas garras." (Antoine de Saint-Exupéry - "O Pequeno Príncipe")

20101123

Corre(la)ções

Prazeroso escrever, doloroso (re)ler.
Eterno ciclo de lúcidos porvires.

Inquietos!


Desde 1982.

Álter

A face maquiada da covardia é o egoísmo.

20101122

XENONfobia


('Xevaincará, xará?)

20101121

Literata - I Festa Literária de Sete Lagoas/MG



Evento inédito, digno de orgulho para a "província" sete-lagoana. Grandes figuras como Sandra Kogut, Wander Miranda, Arnaldo Antunes, Moacyr Scliar, João Paulo Cuenca, Olavo Romano, Alice Ruiz e Marcia Tiburi marcaram sua presença no Casarão Nhô-Quim Drummond. As palestras, os debates, as oficinas, as exposições e várias atividades culturais paralelas centraram-se na obra de um dos maiores escritores da humanidade: o cordisburguense João Guimarães Rosa. Que belíssima homenagem! Inesquecível!
Tive a honrosa oportunidade de bater um papo com o Arnaldo Antunes (que sempre admirei "desde mal em minha mocidade", como diria o próprio Guimarães Rosa) e com o Prof. Dr. Wander Miranda. Ah, minha caneta não sossegou até que eu alcançasse o Arnaldo e pra minha surpresa, fui a única a correr em sua direção! A ele, meus agradecimentos especiais pela simpatia e pela simplicidade com que me recebera.

Confiram aqui a programação.
Acompanhem aqui um trecho do dia 18/11, com Arnaldo Antunes.


Créditos das fotografias: Joaquim Drummond.

20101119

Urbanóide

Mente debilimitada. Clausura oncofálica.

"Quer lembrar?"

Tu tens uma além-beleza.
Cheiro de flamejantes cabelos.

20101118

P'AUNUKÚ! - Pasquim à la che paura (oui, sì!)?



[Idos de 2000 a 1. Flertando com o Terceiro Milênio. Eis então que a Arquitetura/UFMG honrosamente recebeu o "P'AUNUKÚ!". Eduardo Alvim, grande companheiro, e eu, erigimos esse esplendor de obra anarquitectônica. Duas pauladas, apenas. Edições espaçadas por um mês, mas nada paulatinas. Paúra suficiente pra moçada (se) paulificar. Interessante, no mínimo. Ah, tremenda e respeitosa saudade!]

20101111

Maria da Penha

Resgatei-a duma tenebrosa fornalha. E, diga-se de passagem, ambas temíamos aquela forte tempestade.
Sempre-livres-e-vivas-rosas?
Empenhadas!
Dou o meu sangue.

20101110

Da Honesta Intensidade

"De tudo quanto se escreve, somente me agrada aquilo que alguém escreveu com o próprio sangue. Escreve com teu sangue, e descobrirás que o sangue é o espírito." (F. W. Nietzsche)

Voilà!


Homenagem à admirável, à eterna moça das rosas.
Talento e feminilidade. Françoise Madeleine Hardy (Paris, 17/01/1944) é cantora, compositora, atriz e astróloga. Adentrou a carreira musical aos 17 anos, quando assinou contrato com a gravadora Vogue. Emplacou, em 1962, seu primeiro grande sucesso, "Tous Les Garçons Et Les Filles". Desde então, foi aclamada internacionalmente pelo público e pela crítica. Ao mesmo tempo, tornou-se um ícone de beleza e elegância. Em 1967 casou-se com Jacques Dutronc, seu eterno parceiro, e com ele teve um filho, Thomas, em 1973. Dutronc sempre desempenhou um papel fundamental na carreira de Hardy, na medida em que estimulou-a a compor e a cantar. Diga-se de passagem que a afinidade entre ambos é tremenda! Muitas das famosas canções de Hardy foram compostas assim, entre mulher e marido. Ela ainda atuou em alguns filmes clássicos, como "What's New, Pussycat?" (ING/EUA, 1965) e "Grand Prix" (EUA, 1966). Mas a sua versatilidade não pára por aí! Publicou vários livros de astrologia e continua resplandecente em sua carreira musical.
HonRosa Françoise: modelo de mulher. A ela, toda a minha reverência!

"La Nuit Est Sur La Ville" (excerto).

20101108

Aquarela ENÊMICA (Anêmica?)

Mesclemos um azul aqui, cor-de-rosa ali, amarelo e branco acolá... Voilà! Que poética, que admirável misturinha de cores!
Novamente a equipe do MEC/INEP(TO) amarelou geral. Sim, a EN(D)EMIA revelou-se ANEMIA! Lamentável diagnóstico.
Aqui protesto por todos aqueles estudantes que deram seu SANGUE pelas tão cultuadas provas ENÊMICAS.
Nota VERMELHA pro ENEM! Bela falácia, perfeita inépcia! Um verdadeiro desastre na Linha Amarela!
"Isso é uma vergonha", já diria o ícone Boris Casoy.

20101104

Jogo X Jugo

Mais dia, menos dia, JULGAREMOS (à boa sorte, amém!) o plástico-nosso-de-cada-dia.

20101103

Vamos, vámonos!

ENEM no preto-e-branco. Sem matizes. DITADURA(?)!
Vocês podem alter(n)ar os "caracteres especiais", certo?

[Cotas para Humor Negro, JÁ!]

Intervenção Urbana


(Será isso duvidoso?)

20101029

Quiçá

"Depois da Guerra vão nascer lírios nas pedras, grandes lírios cor de sangue, belas rosas desmaiadas." (Vinicius de Moraes)

20101027

Fuzilando o ENEM 2010


Como todos já devem saber, estamos às vésperas da realização do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), tão "cultuado" atualmente. Absurdamente, para as avaliações deste ano, o pessoal do MEC/INEP(TO!) PROIBIU o uso de LÁPIS e BORRACHA, sendo permitido apenas o uso de CANETA PRETA! [Sim, até a (ausência de) cor foi estipulada!]
Lembro-me de que, enquanto cursava o terceiro ano do Ensino Médio (1999), o ENEM (NENÉM!) nascia. Recusei-me, não sei por que cargas d'água, a fazer as provas (já tão "almejadas"!), contrariamente à maioria, que se inscreveu e participou do enorme rebanho "EN(D)ÊMICO". Uma febre, uma epidemia!
Hoje posso (e devo) dar o meu depoimento a partir do acompanhamento dessa catastrófica trajetória.
Já não compreendo mais o(s) sistema(s) de avaliação. [Seja lá o que for! Ensino Fundamental, Médio, Superior, "Pós(?)", et cetera e tal!]
Tudo é questionável e duvidoso quanto à Educação no Brasil.
Educação? Que Educação é essa, que se restringe à confiança tão-somente no uso da caneta-permanente-e-firme?! [Isso dá uma grande metáfora!]
Ora, lápis e borracha são elementos imprescindíveis a qualquer tipo de elaboração, seja textual, "rascunhal", artística! São FUNDAMENTAIS! Uê! A gente não aprende o "bê-á-bá" assim?!
Agora imaginem se o Teste de Einstein (acima, realizado por mim dentro de mais de 20 minutos) "desabasse" numa dessas provas! [O que não seria tão improvável para o INEP(TO), que tá realmente SURTADO!]
Pra quem ainda não sabe, o nível das provinhas "ENÊMICAS" equipara-se a isso! Pensem bem... Que beleza, resolvê-las sem a velha guerra Lápis-e-Borracha!
Non plus ultra nonsense!

Ah, e "videiem" também o que o Professor Ramon Lamar escreveu sobre esse tema, aqui. Vamos em frente com esse protesto!

[Observação à imagem: eis o raciocínio fiel, com todo o meu potencial caótico. "Passado a sujo", original. Sem firulas.]

Experimentem o Teste de Einstein aqui, ó.

20101026

(Re)vol(u)tas

Sangue. Insurgente flor a revolutear por entre humanas volutas.
"Aux armes, citoyens"!

[LIBERTAS QUAE SERA TAMEN.
]

20101021

Revenge of the Flowers


"A thousand hungry flowers
loving you for hours and hours
soon smothers me so tenderly."

(Françoise Hardy)

20101007

Amor e Alma

AMOR E ALMA
Luz de vela, sombras discernentes
Onde pairam ébrias (in)consciências
Sábia, pelos vales vagava a Alma
Ela, imersa em seu ascético ermo,
Ornara-se de belas e raras heras
A suplicar por seu Amor
"Que venham a mim todas as feras!"
Bradou a bela, quase dormente
"Ah... Que me resta, senão o torpor?"
Desnuda, adormecera por entre as rosas
A devanear e a enlear-se em seu mistério
Mas eis que, manso e resplandecente,
Surge um anjo a dourar-lhe a beleza
E a acariciar-lhe a pálida tez
Num sobressalto, "É Ele!"
Deslumbrada, deixou-se cobrir de flores
Da corbelha que o Amor lhe ofertara
Fez-se, de núpcias, um etéreo consolo
Embevecidos, uniram-se Alma e Amor
No eterno e ledo fulgor da pureza.

20101003

N'Ação

O amadurecimento da nação depende tão-somente de nossa bandeira [ou, quem sabe, ban(di)dagem?].

20100930

Um Mo(n)te-mor


Pra quem tem preguiça, calculadora científica.

[É mera questão de Lógica (discretíssima), meus caros!]

20100928

Uns Zeros


Pixels (pixies!), parem com essas aldrabices binárias e devolvam-me logo os meus bits!



Créditos da imagem: Adriano Mendes.

20100830

Convite à Exposição "Deixe a Natureza Falar" em Sete Lagoas/MG


Com apoio da Prefeitura de Sete Lagoas, da Seltur, e patrocínio da VIASOLO Engenharia Ambiental, realiza-se, no CAT-JK, exposição de pinturas em acrílica de Maurício Fernandino Tinoco.
O artista revela suas influências impressionistas e abstracionistas a partir da textura e da irregularidade do suporte de suas obras – folhas caulinares de palmeiras imperiais –, criando, por vezes, imagens tridimensionais.
Maurício é publicitário, artista plástico e calígrafo.
A exposição acontecerá de 01 a 30 de setembro de 2010.
Vale a pena conferir.

20100829

ObjETHOS

Ética não é etiqueta.
Vamos, amarrem os lençóis!

20100819

Backup

Por vezes, a beca mune-se de um quepe "pra inglês ver".
À beça.
A bênção!

20100802

Simplicidade

Formo e reformo minhas palavras qual pétalas de flor.

20100711

MODULON e a Vontade de Potência



Excursão universitária.
Eu, juntamente a 39 colegas, estávamos prestes a empreender uma grande aventura: percorrer e explorar a misteriosa MODULON.
MODULON, cidade alternativa, consistia em um projeto arquitetônico de jovens estudantes cuja faixa etária ia dos 13 aos 17 anos. Tais adolescentes eram os próprios cidadãos daquele edifício - modulado em quatro andares -, e desta forma simulavam uma nova espécie humana, uma pequena nação experimental.
A paisagem dos arredores de MODULON era curiosa: havia ali um lago que estendia-se a perder de vista, circuncidando a fortaleza de concreto e aço. Ao longe viam-se montanhas e uma exuberante vegetação de Mata Atlântica.
O acesso à referida cidade dava-se através de uma única e estreitíssima passarela. Por isso, tivemos de caminhar em fila rumo a MODULON.
Belo e estranho ao mesmo tempo, enquanto percorríamos a fina e longa plataforma "de pedra", o lago nos sorria com as delicadas ondas que o vento lhe desenhava.
Um por um, e finalmente todos adentramos o hall da cidade-edifício. Fomos prontamente recebidos por uma jovem que aparentava 14 anos de idade. Disse ela, com frialdade robótica: "Bem-vindos a MODULON. Estamos ainda em fase experimental; muito em breve multiplicaremos nossos módulos. Sugiro que sigam as instruções e indicações das placas. Advertência: vocês podem aqui entrar, mas nada garante que daqui saiam. Divirtam-se e boa sorte." - Sua voz era tétrica. Muitos dos meus colegas sentiram medo e já se encontravam tensos. Mas, como estávamos todos unidos, havíamos prometido a nós mesmos a vigilância e o auxílio necessários durante a caminhada.
A garota desaparecera num piscar de olhos. Estávamos agora sozinhos, ao sabor das vicissitudes da sorte.
Iniciamos, pois, o percurso.
Era um prédio frio e cinzento. Não havia qualquer tipo de iluminação artificial. Havia muitas escadas, rampas e abismos. Pois bem, tais abismos eram tanto os vertiginosos vazados dos interiores - verdadeiros buracos quadrados e retangulares - quanto as aberturas que davam para o exterior - o enorme lago. Ressalte-se que não existiam quaisquer grades ou guarda-corpos entre essas perigosas sendas e a iminente queda dos transeuntes. Havia, porém, contínuas barras de aço, soldadas em todas as paredes. Em suma, parecia-me um edifício mais "aberto" do que "fechado".

Como ainda era cedo, a luz do dia nos guiava facilmente. Em contrapartida, vez por outra, adentrávamos nichos e vestíbulos escuríssimos.
Já no primeiro andar - o térreo -, deparamo-nos com uma rampa tão estreita e longa quanto a plataforma externa de acesso. A única alternativa era subir. Precavidos, meus colegas e eu segurávamos firmemente na barra de aço da única parede; e assim seguimos apreensivos.
Logo na metade desse percurso, uma forte corrente de vento (um grande ventilador!) nos ameaçou o equilíbrio. Algumas pessoas não resistiram e caíram, deixando-se levar rampa abaixo.
(É claro, todos se solidarizaram com aqueles que encontravam maiores dificuldades, e ajudavam-se mutuamente, sempre que possível.)
Por entre rampas e escadas, ora a subir, ora a descer - muitas vezes apresentavam-se as duas alternativas no mesmo platô -, encontrávamos grupos de adolescentes perniciosos (como se fossem "gangues"). Alguns deles apresentavam armas brancas ou de fogo; outros nos agrediam fisicamente; outros já tinham a medonha aparência de pequenos monstros - mutantes.
Eu e alguns colegas enfrentamos aqueles franzinos jovens. Sim, eram todos muito magros. Mas tinham uma força e uma agilidade descomunais.
De andar em andar, a dificuldade aumentava. Ora apareciam inimigos em maior número, ora surgiam mais rampas e escadas, ora tudo ao mesmo tempo - daí a nossa premência, a nossa sujeição à sorte. Por exemplo: podia ser que aquela escada que desce nos levasse ao andar superior ou vice-versa. Quanto às rampas, idem. Questão recorrente e dramática.
Enfrentamos, pois, incontáveis quedas, devastadoras correntes de vento, e outras surpresas de diversas naturezas.
Foi assim que percebemos que o ser humano é limitado: não temos "superpoderes"!
Abrimos mão de nossos orgulhos a fim de unirmo-nos ainda mais aos outros colegas.
A união, afinal de contas, faz a força. E foi com essa filosofia - aprendida a duras custas - que prosseguimos.
Quando uma colega caiu do terceiro andar, no profundo lago, fomos todos salvá-la. Lembro-me muito bem disso.
Um detalhe: quando estávamos no segundo andar, um belo jovem nos avisou: "Cuidado com o lago. É o mais profundo e perigoso do mundo inteiro. Quem ali cair, dificilmente sairá com vida! HAHAHAHAH!" - Sua risada ecoou em minha mente. Insistente risada. Senti muito medo e pavor. Mas consegui, por mim, fazer a minha parte, ao resgatar alguns colegas daquelas infectas águas lacustres. E vislumbrei muitas outras cenas semelhantes.
Como se não bastasse tudo isso, chagas apareciam nos corpos de quem mergulhava no "sorridente" lago.
Em determinado ponto do trajeto, cada um foi levado pela sua própria sorte.
Outro detalhe: cada andar tinha uma cor característica. Azul, cor-de-rosa, amarelo, verde. Às vezes, essas cores misturavam-se com aquelas das rampas precedentes. As escadas, por sua vez, eram sempre cinzentas; as paredes também. Quando não havia paredes, nem rampas e nem escadas, tudo tomava uma só cor. E vejam bem: entre os andares, reafirmo, havia platôs intermediários.
(É muito difícil detalhar tudo aquilo que vi e senti. Um desafio!)
Quando enfim antingimos o quarto e último andar, já entardecia. Apreciamos o pôr-do-sol ante a rampa secreta - aquela que nos trouxe de volta ao ponto de partida.
Todos vivos, mas alguns doentes.
Saímos, não sem cansaço e respirações ofegantes, de MODULON.
Salvos!
Mas uma pergunta ainda me perturba: será que alguém morreu e não percebi?


(Registro do último sonho.)


[Imagens: Desenhos de minha autoria, da época de Arquitetura e Urbanismo. Projeto feito em 2002. Lápis de cor e caneta-nanquim. Desenhos muito semelhantes às perspectivas do MODULON. Tudo espantoso, tudo revelador, assustador! E já faz 8 anos...]

20100708

Conversados?

tudo dito,
nada feito,
fito e deito

(Paulo Leminski)

20100707

Eu amo, tu amas, ELE ama...


Cuida bem desta Rosa, meu Amor. Somente tu compreendes esta frágil criatura!
Tu és o Protagonista que transporta universos com ternura e poesia.
Enquanto eu puder fruir o conforto da tua sombra e vislumbrar o teu cristalino sorriso, viver valerá a pena!

20100706

O Balé da Aranha

A bela Aranha, que pensa algo arranhar, quer o mundo inteiro arranjar.
Do rabisco surge uma teia: primor!
E do prisco - vejam bem! - tece tênues redes de veludo.
Matreira, diz: "Eis a minha peleia. Apenas desenho e almejo desvelar as profundas sendas do Amor. Sede de Arte! Ah... Fecundo bolor?"

20100702

A Copa em Copos


(O Primeiro-Ministro holandês e o nosso Presidente da República trocam camisas. Amistosos! Março de 2009.)

Vai uma laranjada aí?
Ou que tal um Moloko Vellocet, companheiro "droogie"?

O Choque da Laranja Mecânica


[Tratamento LUTOvico.]

Enquanto isso...


Uma pipa auriverde ainda paira alegre e serenamente no limpíssimo firmamento brasileiro.
Que trágico sobrevôo, que poética vi(s)agem!

20100630

"O Mundo É Um Moinho"

A humanidade impõe-se, dia após dia, e cada vez mais, o endurecimento dos corações e o esmorecimento da sensibilidade.
Ah, tragicômico ser humano!

20100624

Pormenores Esquizóides

A espontaneidade é uma virtude.
(Agora entram em cena as "máscaras". Sempre prontas.)
Dia após dia, então, procuramos por um ser-no-mundo mais digno.
(E assim flui a Existência, "sofrida-e-serena"! - Isso não é um tanto estranho?)

A anestesia é GERAL!

20100623

Effeuille-Moi Le Coeur



EFFEUILLE-MOI LE COEUR
Effeuille-moi le coeur
Je me ferai fleur
Et tu seras jardinier
Effeuille-moi
Au lit de ton jardin
Je voudrai vivre l'éternité

Effeuille-moi le coeur
Arrête les heures
Sur l'histoire de notre amour
Effeuille-moi
Au lit de notre vie
Effeuille-moi
Et ce jusqu'au lever du jour

Protège-moi du vent, mon amour
Protège-moi du temps
Protège le encore et longtemps
Cet amour

Effeuille-moi le coeur
Tant pis si j'en meure
Tant mieux si c'est de tes doigts
Effeuille-moi
Au lit des souvenirs
Effeuille-moi
Encore une fois
Effeuille-moi le coeur
Et sèche les pleurs
Qui me viennent les jours d'ennui
Effeuille-moi
Au lit de notre amour
Effeuille-moi
Et ce jusqu'à la fin de jour.


(Françoise Hardy)

20100622

Ironia Heróica

Por aqui, isso é óbvio.
(Desde que vossos corações encontrem-se imaculados.)

20100617

Arrancar ou cultivar?

Seria um baobá? Ou seria uma rosa?

Os rebentos dos baobás e os das rosas parecem-se muito com certas ervas daninhas. E assemelham-se muito entre si, enquanto "inofensivos brotinhos". - Portanto, cuidado!
Basta um pouco de discernimento e sensibilidade para perceber aquilo que é bom ou mau pro teu jardim!

20100615

Lente

PROCURA-SE
Coragem para trabalhar com Objetivas.
Pré-requisito: Stricto sensu em Pontos de Fuga.

(Isso mais parece uma busca por "espécies-extintas"...)

20100611

"What's New, Pussycat?"

Oh, I'm using the cat to measure it, mon amour.

20100610

Fome?

[Conteúdo censurado.] 

"Quem quer comer a noz tem que quebrar a casca." (Provérbio Popular)

Flor, Manequim, Depois Mulher

FLOR, MANEQUIM, DEPOIS MULHER
Flor,
Teu corpo, uma rosa
Teu corpo na roda
Teu corpo namora

Na avenida, a menina lançou seu apelo
À procura do amor e de um novo modelo
Na vitrine o biquini é um anzol
Na vidraça cheia de sol

Entre panos e cores alguém se reflete
Entre penas e dores convence e promete
Mundo novo de napa e cetim
Sonho antigo, ser manequim

Flor ganha o mundo num gesto breve
Flor veste aço e não sonha mais
Dor pesa o mundo em seu corpo leve
Luz, ocuspocus, papéis metais
Vem fazer amor e não chora mais

Despe panos e dores de entrega esquece
Entre panos e cores o amor acontece
A menina de aço da dor
Resta um corpo em festa e o amor

Teu corpo te resta
Teu corpo, uma festa.

(Taiguara)

20100609

Amor Sincero

A Vida, reverenciosa e humildemente, dignifica o Amor.
Enleados no véu do sublime Amor, meu querido, embriaguemo-nos da Vida Eterna.

Somente contigo o excesso de pranto ri e o excesso de riso chora.
A dois, finalmente encontramos a plenitude da Felicidade!

20100604

Contra-senso Comum

Por que "pra quê"?

(Questão que carrego comigo desde todo o sempre.)

Epistemologia Humana

Fases = Súbitos

Tudo aquilo que classificam enquanto "fases", pra mim, são "súbitos". Permanentes ou não.

20100602

Feminíssima!


http://www.youtube.com/watch?v=DCaMI6IA_K8

Françoise Dorléac: maravilhosa, exemplar!
Porque "mulher feminina e sensual" não é sinônimo de "mulher plastificada".

20100529

"Dr. Spleen" explana...

Vida - Fardo - Morte.
Morte - Alívio - Vida.

(O Eterno Ciclo? Me parece. Me carece saber um pouco mais, apenas.)

"50 mil? 100 mil? Numa população de 110 milhões!" (Paulo Leminski)

20100527

Uma Canção de Amor

Vem até mim, querido,
com uma rosa na mão.
Aquela cama, crivada de lembranças,
inda exala o nosso vivo ardor.

Ai, meu querido!
Vem logo!
E, por favor, traz contigo nossas fragrâncias!

Traz-me teu Amor.
E uma rosa no coração.

20100526

"Um verme passeia na Lua Cheia"...

... E a plebe derme clareia a rodeira!

(Realmente. A Lua Cheia me deixa louca. Mas isso não tem graça nenhuma.)

20100525

"Minha Flor, Meu Bebê"

Da roseira que cuidei com muito carinho e amor, surgiu hoje o primeiro botãozinho cor-de-rosa.

Ouroboros

"Quem combate monstruosidades deve cuidar para que não se torne um monstro. E, se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você." (F. W. Nietzsche)

20100521

Sem Ray-Ban

Escolhi o dia de hoje pra plantar girassóis e cuidar das rosas.

20100519

Aphorismo 863899012

Podes ver como é belo o sol enquanto habitamos um vale?
Pois bem... Ele aquece e esmorece na hora certa.
E enobrece a terra.

Floydiana


Apaguem os olhos e sintam.

http://www.youtube.com/watch?v=sGQGE5FtFbY


Marco Antônio Araújo - 1982.

18

À tardinha, deparei-me com um ressequido e amuado buquê de flores.
Esquecidas numa viela urbana qualquer, as rosas observavam-me com complacência.
Parei, agachei-me e sorri pra elas com a mesma expressão.
Antes de abraçá-las, perguntei-me:
"Como posso portá-las?"

20100518

Questão de Retórica: "Intelectuália"

Palavras são penduricalhos.
Móbiles idealizados pelos corredores falantes do poder.
Meros adornos em prol da grandiloquência intelectualóide.

(Pfff... Ha-ha-ha!)

Filosof(r)ia

Manuaizinhos da condição humana são alegorias da teimosa mania de universalizar aquilo que chamamos de Existência.

20100505

Une Fille Comme Tant D'Autres



(Sim, ela canta por mim. Ainda.)

20100429

Síncope (Um Epitáfio)

Apago meus olhos e a(s)cendo minh'alma.
Transcendência velada.

20100422

Réquiem

Quando enfim chegar a minha hora, será que colocarás flor ao pé da minha cova?
Mas, OH! Quando vires, em todo e qualquer jardim, uma rosa, lembrar-te-ás daquela que sepultei: minha própria dor.
Vida nova.

20100406

Plano Oito-Deitado

Objetivo: renascer das cinzas.
A partir do "A", atingir o "Z".

(Ad infinitum.)

20100405

Sal da Terra, Luz do Mundo

O Inimigo encontra-se sob os meus pés.
ESMAGADO! DERROTADO!

20100403

RAM!

Wowie Zowie! Ya Hozna!


Taí a psicodelíssima banda belo-horizontina Ram detonando "MaccaRam" - composição própria - no Stonehenge Rock Bar, em BH.


Não recomendável a mentes ordinárias!

"ORANGE ORGIO ORBIS!"

YEAH!

20100402

Montanha-Roleta-Russa

Imaginem uma estação metroviária suspensa a 9 metros do solo. Agora pensem numa enorme montanha-russa a cruzar os trilhos do metrô - que me parecia bem antigo. Era este o cenário de mais uma de minhas infindáveis "insanidades". Colegas e amigos, tanto de infância quanto de faculdade, acompanhavam-me nesta aventura.
Detalhe interessante é que os vários trilhos dessa montanha-russa (ora ao ar livre, ora a adentrar labirínticos túneis) eram paralelos e descontínuos. Havia, dependendo do estágio da viagem, de 3 a 5 trilhos - e seus respectivos vagões encontravam-se tão contíguos, uns aos outros, que, ao encontrarem-se nas adjacências, liberavam nervosas faíscas.
Poderia chamá-la de montanha-roleta-russa, visto que o sucesso do perigoso percurso dependia apenas da sorte dos ocupantes daqueles vários vagões enfileirados, cujas cadeiras, unidas, eram separadas de 10 em 10. Cada vagão, portanto, dispunha de 10 lugares.
Outro detalhe: nem sempre os trilhos, apesar de seu paralelismo, conduziam os vagões ao mesmo destino. Em certos pontos da longa jornada, todos eles desciam; em outros, desencontravam-se.
Estava eu à frente de um dos vagões, a conduzir alguns amigos. Éramos 5 ou 6 pessoas.
Experimentamos emoções diversas, que partiam da euforia e atingiam o extremo pânico.
Nosso trilho escolhido, logo no início do percurso, após uma brusca descida, pregou-nos um susto: ele terminava ali, diante dum rio poluído que nos aguardava, sedento pela fatalidade. As garotas entraram em desespero e tentei acalmá-las como pude. Ressalte-se que os trilhos estavam bastante gastos e enferrujados, ao ponto de dificultarem a viagem. Pois bem... Freei o nosso vagão com as próprias mãos - esforço hercúleo! Logo em seguida, depois de controlar a situação, tive a idéia de descarrilhá-lo em direção ao trilho lateral, que subia sem qualquer descontinuidade. Consegui fazê-lo, a duras custas, e finalmente respiramos aliviados.
Várias outras vezes encontramos ameaçadoras descontinuidades e o iminente perigo de o metrô trucidar-nos.
Com o decorrer da aventura, algumas pessoas pulavam das cadeiras de um vagão para outro, num verdadeiro "salve-se-quem-puder". Lembro-me da fala de uma colega: "Estamos aqui, juntos, nesse passeio... Porém, agora, é cada um por si".
Assim, desencontrei muita gente. Às vezes, sentia-me completamente só. Mas minhas fiéis amigas confiaram em minhas decisões até o fim.
Quando adentramos os túneis - que eram isolados acusticamente -, as pessoas tornaram-se mais solidárias, umas com as outras (pois certamente haviam passado pelos maus bocados que relatei); e quando eu encontrava outro vagão mais cheio, pedia que os ocupantes parassem-no, a fim de que nós, eu e minhas amigas, pudéssemos ocupá-lo também. E a viagem prosseguia entre infinitos buracos de concreto e enclausurantes túneis. Desta vez, as cadeiras dos vagões ganharam cores e conforto - além disso, ofereciam segurança.
Alternavam-se, pois, vagões (sempre abertos) confortáveis e precários. Houve um momento em que tivemos de abandoná-los - ao ar livre - e testar, forçosamente, nossas resistências. Foi a etapa em que, dependurados nos trilhos, com o rio a nos "sorrir" lá embaixo, tínhamos de alcançar outro vagão. Acrescente-se que havia 4 filhotes de tigre a nos atemorizar, sobre os trilhos. Uma de minhas amigas não suportou o esforço e quase caiu. Consegui salvá-la, e o susto passou. Ufa...!
Lembro-me de que, na etapa final, eram 5 trilhos num túnel de concreto meio espiralado. Vagões de cadeiras verdes subiam; os azuis, amarelos e cor-de-rosa desciam; e aqueles cujas cadeiras tinham várias cores, vacilavam - ora subiam, ora paravam e desciam.
Tentei arriscar a sorte através dos vagões que desciam. Mas erramos diversas vezes, e quase perdemos as esperanças de livrarmo-nos daquele pesadelo. Foram tentativas e mais tentativas, até que ordenei que todos aqueles que estavam acompanhando-me, saltassem prum dos vagões que tinham as cadeiras cor-de-rosa.
E acertamos o caminho, até que enfim! Indescritível felicidade! Vitória! A alegria tomou conta de nossos macerados semblantes. Alguns colegas já haviam chegado ao "paraíso" e estavam a esperar pelos outros amigos. Fomos todos recebidos com aplausos e elogios.
Vi pouca gente sã e salva, ali. Senti-me privilegiada, mas, ao mesmo tempo, um profundo luto assombrou-me.
Onde estariam meus outros queridos colegas e amigos?!

(Registro do último sonho.)

20100318

"Your life's complete... Follow me down"!

O vazio FATALMENTE cai no vácuo, uma vez que tu tendes ao PRETÉRITO.

(Permanente. Existencial?)

20100316

Clamor da Rosa

Prefiro perecer sepultada e olvidada (por favor, mutilai-me!) a fenecer sob a atroz clausura duma redoma.

Do pólen ao pó.
Liberdade.

20100310

Arnold Layne X Harold Land

Uma progressiva disputa?!

(Eterna.)

Ouçam-me, "aventureiros"!

Somos bem-aventurados desde que ousemos aprofundarmo-nos em nós mesmos.

Aphorismo 16626179

A incerteza é minha razão.

20100307

A Carolina

A CAROLINA
Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.


Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa separados.


Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

(Machado de Assis)

20100304

Um Luxo de Trapo

Sorriso misterioso, melancolia dissimulada.
Bonequinha.

20100303

"Riders On The Storm"

Uma tempestade.
Uma viagem de ônibus.
Poderia ser uma excursão turística ou estudantil (não sei ao certo).
ELE e eu ocupávamos as poltronas da frente, logo atrás do motorista. Os passageiros que preenchiam todos os outros lugares não me pareciam estranhos - eram amigos/colegas de infância e de faculdade.
O motorista, evidentemente louco (por natureza), arriscava estúpidas ultrapassagens e incríveis velocidades por entre veículos pesados e malignas curvas.
Chovia bastante sobre nós dois - apenas nós dois! -, ELE e eu.
Era até divertido observar as manobras do nosso condutor, o que nos rendia risadas, e, às vezes, "friozinhos-na-barriga", ante os bruscos aclives e declives. Era como se estivéssemos percorrendo uma infindável montanha-russa.
Repentinamente, a freagem. Não pude divisar o que estava a acontecer. Só me dei conta da parada quando dois sujeitos galgaram os degraus do veículo, a renderem, de imediato, o motorista.
Rumores de desespero assomaram todos os semblantes. Tentei manter a calma e enlacei-O, como pude, entre meus trêmulos e finos braços. Buscava proteção; mas queria, ao mesmo tempo, protegê-LO.
Os bandidos percorreram, então, o corredor, a intimidar cada um dos passageiros.
Sorrateiramente, mas um tanto hesitante por deixá-LO, atravessei o caminho que levava até o banheiro. Ninguém percebeu.
Era um lugar amplo, com várias repartições. Havia lá outra moça.
Ao trancar a porta, senti alívio; ao mesmo tempo, remorso. Ouvia gritos e tiros.
Neste ínterim, não houve tempo para mais nada: vislumbrei, à minha frente, os dois facínoras, a rir e a gracejar ante a minha presença. Respondi-lhes com poucas - mas ríspidas - palavras. A moça que eu ali encontrara já estava morta. E eles me apontavam as armas, de um lado e do outro, contra a minha cabeça.
Tentei desvencilhar-me deles como pude. A única coisa que almejava era salvar o meu AMOR.
Cambaleando, já "liberta", vi muita gente banhada em sangue. Foi terrível. Vi meus companheiros mortos. Outros, agonizando.

Mas consegui resgatá-LO vivo, entre tantos corpos macerados. Dei-lhe um beijo.
Ofegantes, suados e um tanto apavorados, enlaçamo-nos num abraço eterno: "EU TE AMO".

(Registro do último sonho.)