31 de Dezembro de 2016. Fim de noite.
Estava eu a repousar em um leito de hospital, me convalescendo, após uma longa e delicada cirurgia.
Olhei para a janela. Lá fora, iniciou-se um foguetório intenso. O céu se empipocava de foguetes e rojões. Eram os festejos da entrada do novo ano.
Olhei para dentro de mim. Senti que uma mão se postava sobre o meu peito. Senti que era uma mão pequena, meiga.
Logo percebi: era a mãozinha sagrada do Menino Jesus que estava me afagando. Eu já imaginava, porque antes da cirurgia pedi-lhe para que ficasse comigo e orientasse o médico e seus auxiliares.
Sua mãozinha sagrada mostrou-me o céu. Senti que estava curado, que a cirurgia foi bem-sucedida.
Sua mãozinha mostrou-me a dádiva da vida. Mostrou-me também a morte, porque é através dela que valorizamos a vida.
Mostrou-me a beleza de um simples sorriso, a meiguice de um olhar, a ternura de um abraço fraternal, o conforto de uma palavra amiga.
Mostrou-me o mundo, mostrou-me os animais que o habitam, os racionais e os irracionais.
2017 foi, graças ao pequeno Jesus, a redenção de minha vida.
Planeta Terra, pedra giratória e banal. Mas, graças a Deus, neste minúsculo grãozinho de areia perante o Universo, o Bem ainda se sobrepõe ao Mal.
Obrigado, meu Pai. Obrigado, Senhor Jesus. Obrigado e a bênção, Menino Jesus.
[Maurício Fernandino Tinoco, 71 - Papai. Junho/2017]