20080418

Um Sonho na Tempestade

Eram infinitas rampas, íngremes obstáculos a serem vencidos. Alguns deles eram verdadeiras escarpas. Alternavam-se ríspidas superfícies e caminhos escorregadios.
Com todas as minhas forças, eu lutava para atingir o último platô. Minha meta parecia-me cada vez mais remota e impossível, pois que sempre deslizava ou então prostrava-me ante aquele solo hostil. Machuquei-me muito. O fluido vital banhava-me. Meu sangue era de um vivo verdor. Cheguei a desesperar-me de tanta dor.
Em outros momentos, agarrava-me a alguns galhos de plantas que margeavam as sendas. Mas elas tinham enormes espinhos. E esses impiedosos acúleos cortavam-me a carne feito navalhas.
Quando finalmente consegui alcançar as alturas, uma fortíssima e aplacadora chuva atingiu-me. Era um verdadeiro dilúvio. Vencida pela bravura da tempestade, caí de volta ao platô inicial.
Muito ferida e cansada, recomecei a luta. Parecia-me eterna. Mas um sonho, um grande e nobre sonho, impulsionava-me. E persisti com a leda esperança em meu coração.

(Registro do último sonho.)

Ninguém na trincheira.