20100303

"Riders On The Storm"

Uma tempestade.
Uma viagem de ônibus.
Poderia ser uma excursão turística ou estudantil (não sei ao certo).
ELE e eu ocupávamos as poltronas da frente, logo atrás do motorista. Os passageiros que preenchiam todos os outros lugares não me pareciam estranhos - eram amigos/colegas de infância e de faculdade.
O motorista, evidentemente louco (por natureza), arriscava estúpidas ultrapassagens e incríveis velocidades por entre veículos pesados e malignas curvas.
Chovia bastante sobre nós dois - apenas nós dois! -, ELE e eu.
Era até divertido observar as manobras do nosso condutor, o que nos rendia risadas, e, às vezes, "friozinhos-na-barriga", ante os bruscos aclives e declives. Era como se estivéssemos percorrendo uma infindável montanha-russa.
Repentinamente, a freagem. Não pude divisar o que estava a acontecer. Só me dei conta da parada quando dois sujeitos galgaram os degraus do veículo, a renderem, de imediato, o motorista.
Rumores de desespero assomaram todos os semblantes. Tentei manter a calma e enlacei-O, como pude, entre meus trêmulos e finos braços. Buscava proteção; mas queria, ao mesmo tempo, protegê-LO.
Os bandidos percorreram, então, o corredor, a intimidar cada um dos passageiros.
Sorrateiramente, mas um tanto hesitante por deixá-LO, atravessei o caminho que levava até o banheiro. Ninguém percebeu.
Era um lugar amplo, com várias repartições. Havia lá outra moça.
Ao trancar a porta, senti alívio; ao mesmo tempo, remorso. Ouvia gritos e tiros.
Neste ínterim, não houve tempo para mais nada: vislumbrei, à minha frente, os dois facínoras, a rir e a gracejar ante a minha presença. Respondi-lhes com poucas - mas ríspidas - palavras. A moça que eu ali encontrara já estava morta. E eles me apontavam as armas, de um lado e do outro, contra a minha cabeça.
Tentei desvencilhar-me deles como pude. A única coisa que almejava era salvar o meu AMOR.
Cambaleando, já "liberta", vi muita gente banhada em sangue. Foi terrível. Vi meus companheiros mortos. Outros, agonizando.

Mas consegui resgatá-LO vivo, entre tantos corpos macerados. Dei-lhe um beijo.
Ofegantes, suados e um tanto apavorados, enlaçamo-nos num abraço eterno: "EU TE AMO".

(Registro do último sonho.)

1 na trincheira.

HENRY CLAUDE STELMARSCZUK disse...
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