20120628

Sonho-Matriz

Tétricos ecos noturnos. O ambiente era muito úmido e eu percorria uma estrutura arquitetônica vazada, sem qualquer vedação interna ou externa. Vertiginoso e instável, o edifício era inteiramente metálico e encontrava-se abandonado. Toda a sua superfície era avermelhada. Arestas vivas reafirmavam sua severidade de dezoito pavimentos. Enquanto resvalava por entre as vigas e as íngremes passarelas, dependurava-me por entre redes de coloração azul, que agitavam-se freneticamente e envolviam-me qual verdadeiras teias de aranha. O sufoco era enorme. Quando livrava-me de alguma "teia", vislumbrava um bombardeio de códigos binários – dos quais naturalmente necessitava me desviar. Conforme a umidade aumentava, acumulavam-se misteriosos poços no térreo, de onde surgiam grandes rosas sem perfume. Os códigos binários, de acordo com sua periculosidade, ora bombardeavam parte da estrutura, ora aderiam-se àquela escorregadia verticalidade. As flores me sorriam com desdém e exalavam seu cinismo para além dos vãos. Cada vez que projetava-me em direção ao céu, um caleidoscópio se revelava, pouco a pouco. O momento derradeiro talvez tenha sido quando ergui minhas mãos, e de repente dissolvi-me na escuma celestial.


[Sonho recorrente. Eis o verdadeiro "Loop" onírico.]

Ninguém na trincheira.