Aquela
dor lancinante tinha me despertado de um profundo sono. O cenário era uma
floresta típica do Cerrado.
É que eu havia adormecido sob um frondoso ipê-amarelo na tarde anterior, depois de um dia cheio - estava à procura de um lago para me banhar. Mal-sucedida a missão, decidi, pelo cansaço, repousar ali mesmo. E antes de dormir, minha última visão foi meditativa: emudecida, eu conversava com o céu, com as formigas, com as árvores, com as aves, com as flores e as folhas que me acolhiam. Então, pouco a pouco, entrei num transe até a manhã seguinte.
A tal da dor que me acometeu atingiu justamente a cintura. Foi uma abelha que tinha “invadido” o meu estado letárgico. Em poucos minutos, ainda que recém-acordada e perturbada por um sonho estranho, tentei retirar o ferrão. Me ajeitei, comprimi fortemente a região que doía, e segui pela esquerda. Já estaria melhor em pouco tempo.
Voltei a caminhar a largos passos.
Quando atingi o ponto alto da escarpa florestal, encontrei uma rodovia muito sinuosa e estreita. Era quase impossível atravessar o asfalto. Porém, analisando rapidamente a situação, avancei um pouco.
De repente, um enorme e ofuscante ônibus em alta velocidade me surpreendeu. Já que eu estava ali, à mercê de ter avançado mais dois passos, me encolhi por baixo dele, e consegui cumprir o meu objetivo: chegar ao outro lado.
Mas eu mal sabia por que é que estava tão convicta dessa ideia. Que obsessão seria essa, apesar do desnorteio e da dor?
A partir daí, caminhando “grudada” - e com os pés cada vez mais pesados - pelas escarpas pedregosas que margeavam o sentido que eu seguia, comecei a sentir muita sede. E toda sorte de veículos que transitava jogava-se contra o meu corpo. Só que eu me sentia cada vez mais forte.
(Passos acelerados e muito chão.)
Exausta, à tardinha, quando percebi um som cavernoso dentre as pedras da escarpa, encontrei um túnel em forma de caracol. Ousei adentrá-lo. Não era nada largo, tinha a temperatura baixa, umidade altamente concentrada e era muito, muito longo.
E o que foi que vi no fim desse labirinto? Bolhas gigantes (algumas envolvendo apenas uma criatura; outras, abarcando mais pessoas ou então se fundindo), e finalmente, o sol que me deixa hipnotizada. Havia muita gente, também.
Alguns me reconheceram e logo quiseram que eu me entrosasse com aquele bando de fanfarrões.
Acontece que eu apenas queria beber água e também nadar. Estava febril e delirante.
De qualquer forma, aceitei o convite, e ao mesmo tempo reconheci todas aquelas figuras - eram alguns dos meus ex-colegas das três universidades que cursei. Guardo em minha memória a clareza de seus semblantes amadurecidos e descontraídos.
É que eu havia adormecido sob um frondoso ipê-amarelo na tarde anterior, depois de um dia cheio - estava à procura de um lago para me banhar. Mal-sucedida a missão, decidi, pelo cansaço, repousar ali mesmo. E antes de dormir, minha última visão foi meditativa: emudecida, eu conversava com o céu, com as formigas, com as árvores, com as aves, com as flores e as folhas que me acolhiam. Então, pouco a pouco, entrei num transe até a manhã seguinte.
A tal da dor que me acometeu atingiu justamente a cintura. Foi uma abelha que tinha “invadido” o meu estado letárgico. Em poucos minutos, ainda que recém-acordada e perturbada por um sonho estranho, tentei retirar o ferrão. Me ajeitei, comprimi fortemente a região que doía, e segui pela esquerda. Já estaria melhor em pouco tempo.
Voltei a caminhar a largos passos.
Quando atingi o ponto alto da escarpa florestal, encontrei uma rodovia muito sinuosa e estreita. Era quase impossível atravessar o asfalto. Porém, analisando rapidamente a situação, avancei um pouco.
De repente, um enorme e ofuscante ônibus em alta velocidade me surpreendeu. Já que eu estava ali, à mercê de ter avançado mais dois passos, me encolhi por baixo dele, e consegui cumprir o meu objetivo: chegar ao outro lado.
Mas eu mal sabia por que é que estava tão convicta dessa ideia. Que obsessão seria essa, apesar do desnorteio e da dor?
A partir daí, caminhando “grudada” - e com os pés cada vez mais pesados - pelas escarpas pedregosas que margeavam o sentido que eu seguia, comecei a sentir muita sede. E toda sorte de veículos que transitava jogava-se contra o meu corpo. Só que eu me sentia cada vez mais forte.
(Passos acelerados e muito chão.)
Exausta, à tardinha, quando percebi um som cavernoso dentre as pedras da escarpa, encontrei um túnel em forma de caracol. Ousei adentrá-lo. Não era nada largo, tinha a temperatura baixa, umidade altamente concentrada e era muito, muito longo.
E o que foi que vi no fim desse labirinto? Bolhas gigantes (algumas envolvendo apenas uma criatura; outras, abarcando mais pessoas ou então se fundindo), e finalmente, o sol que me deixa hipnotizada. Havia muita gente, também.
Alguns me reconheceram e logo quiseram que eu me entrosasse com aquele bando de fanfarrões.
Acontece que eu apenas queria beber água e também nadar. Estava febril e delirante.
De qualquer forma, aceitei o convite, e ao mesmo tempo reconheci todas aquelas figuras - eram alguns dos meus ex-colegas das três universidades que cursei. Guardo em minha memória a clareza de seus semblantes amadurecidos e descontraídos.
Depois que o "estranhamento" se dissipou, me diverti um pouco, consegui reatar algumas amizades e até mesmo perdoar certos desafetos. Eu queria ajudá-los, e eles também. Me senti em paz.
Anteriormente, sozinha, eu estava literalmente na escuridão. Cega.
Acordei sorrindo.
[Registro de um sonho.]
3 na trincheira.
Inspirada e inspiradora como sempre. Essa menina, essa joia, às vezes some, dá um "perdido" na gente, bem sabe quanto é amada.
gosti
Sou grata a vocês!
Por aqui, inspiração não falta. =]
Abreijos!
Postar um comentário