20110411

Minh'Amiga, a Rosa


Ela, a cachoeira, não é negra. Dizem os temerários que seus fios oscilam entre o âmbar, o dourado e a cor-de-fogo.

Cochilávamos, então.

Ansiosa. De soslaio, velava a minha exausta flor, que comigo aventurara-se por entre aquelas tênues, mas firmes lâminas.
Já era noite, pois. Num sobressalto, acordei. Pensei que dormira pouco. Sussurrei-lhe várias vezes, preocupada: "Estás bem, querida rosa?"
E ela sempre respondia: "Sim, estou bem, minha amiga...! Como é bom sentir outros ares, não é mesmo?"
Concordei com ela e sorri, meio-que-dormente. Com um nobre gesto de carinho, beijei-a.
Inocente, ainda perguntou-me: "Por que choras?"
Respondi, apontando para a parede, logo à nossa frente: "Aquilo, rosa. Aquilo que vês não te parece familiar?"
Nos abraçamos numa fraterna comunhão, cansadas. Ignorei os seus espinhos, que machucavam-me profundamente. É que, pela primeira vez, vi uma rosa verter lágrimas.

E como me pareceu belo o amálgama de nossos fluidos vitais!

4 na trincheira.

Anônimo disse...

Quem pode interromper a dor da intimidade? Ou o desespero da repulsa?

Acendo a luz, mas já vou sair, só queria lhe mostrar algumas imagens.

Não tenho dúvidas, seu caminho será sempre iluminado...mas... já estou descendo as escadas.

Feérica "Psychedella" Fuzilêra disse...

Você tem uma percepção magnífica, Cláudio. Acredite!

A Repulsa versus o Amor.

Não desça as escadas! Não!

Ramon Lamar disse...

Olho a rosa, na janela...

Feérica "Psychedella" Fuzilêra disse...

Você sabe, Ramon... As rosas parecem ser orgulhosas. Mas não são!