20120920

Primaveras de Cordélia

PRIMAVERAS DE CORDÉLIA
Cordélia, a bem-amada flor
Suspira à revelia de seus sonhos
Seu jovem e magriz vulto doura a aliança
Sobre a lousa do campeiro alento

Ela não mais repousa.

Cordélia, ante sua elegância,
Ergue-se e colhe de suas irmãs
A dignidade da hermosa insanidade

Ela não mais ofega.

Cordélia, a bem-amada flor
Caminha ao relento
Deveras absorta na infinita infância
Seu frescor fulmina; seu grito é estulto
Senhora de si, realiza sua fugacidade 

E coroa o chamariz do primeiro resplandecer

Ela não mais sente dor.