- Se sonhos não envelhecem, por que é que você pronunciou,
como se fosse Deus, que "o sonho acabou"? Você pensa que o matou?
- Mulher, estava tão absorto em mim mesmo, até que,
confessando bem, perdi o controle...
- Perdeu o controle de quê? [...] Ei, está se sentindo mal?
- Ah... Desculpe, foi só um lapso de memória [bebericando algo]. Mas, continuando, perdi o controle da minha própria vida pessoal. E quando me
percebi superexposto, era tarde demais. Deveras achei interessante a tua questão sobre os sonhos, porque foi a partir daí que a minha perspectiva de vida mudou,
claramente. Tentei entrar em estado de plena reclusão junto à minha companheira
e até reneguei a amizade para com os meus ex-companheiros de banda. No entanto, tudo virou um inferno.
- Entendi. [...] A fama parece ser traiçoeira. Sonhar te levou a uma visão negativa? Fama e sonhos se cruzam? Me desculpe a invasão...
- De certa forma, creio que sim. Estou cansado, na verdade.
- Pulsão da minha
vida: sonhos reais.
- Hmmm...
- Sim. Porque o que seria de mim sem criar expectativas,
sem acreditar num Ser Supremo e sem acreditar naquilo que sou? Afinal de
contas, somos humanos e...
- Cof! Eu era humano.
- [Contemplando, apenas, uma imagem estática.]
Virei as costas para ele. Num rompante, me senti real (ah, bem calejada!).
Fotografia por Maria Rita - Exposição Aretuza Moura.
Fotografia por Maria Rita - Exposição Aretuza Moura.
Ninguém na trincheira.
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