Aqui estou: nervo, músculo, osso e alma. Ensimesmada, estranho-me a mim mesma. Cisão de um microcosmo. Mitose maligna... Cancerosa? Algo entre a gênese e o caos. Aconteceu um massacre. O fio mental foi rompido! E o fluxo... O invisível fluxo vital está se extinguindo! Rápido! Preciso de mais cápsulas! Quero a panacéia encapsulada, injetável, volátil... Tenho ânsia de superdoses! Idéias me viciam! Carência de inspiração. Quadro grave de insuficiência criativa, eis o diagnóstico. Excepcionalmente fora do ar. Fora de mim. Pressinto a morte. Não, a poesia não feneceu: apenas adormece. De idéias, pensamentos e vontades, me restam mínimas doses. Insuficientes! A validade também já expirou. Quem ESTOU agora? Faz tempo que o céu nublou. Falta-me o Sol! Nos dilúvios me afogo. É noite. Agora tateio o solo, só... Volto à infância. Sinto medo do escuro. Medo desconhecido. Medo do medo. Sou a menina insegura e desamparada que engatinha pela terra úmida. Correm lágrimas. Ansiedade. A incerteza me antecipa o sofrimento. Às vezes tenho vontade de regredir mais ainda. De repente, eis que ergo-me mulher. Susto? Choque? Conflito? A vida é um eterno teste. Sou humana, demasiado humana. Sinto-me escravizada. Tolhida. Vazia. A leitura médica acusa: depressão. Mera terminologia da psiquiatria. Fria e reducionista. O espelho é meu maior aliado-traidor. Minha percepção quer transcender os limites da matéria. Busco a essência perdida(?). Sim, as mãos de Deus hão de conduzir-me e fortalecer-me nesta caminhada. Procuro paz, enfim. Quero me encontrar novamente.
1 na trincheira.
Pela manhã as máquinas
as leis as bobinas
os braços da máquina em série vieram
a chegar continuam pelo resto do dia
à procura de espaço
para impor sua ordem
a noite é escura no Jardim das Rosas
é escuro o jardim no tempo das coisas
os donos das máquinas vieram com ordens
a vida em desordem escolheu resistir
a ordem da máquina é impor na manhã
o sistema dos donos sobre homens e coisas
a ordem das coisas no Jardim das Rosas
é compor a manhã no sistema dos homens.
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